Gotas de Sonhos

Acordo ao som da chuva là fora, são quase 4 da manhã e não quero voltar a dormir...

Por um lado, ainda bem que acordei. O sonho que estava a ter parece um mau presságio.
Por outro lado, tenho receio de assim que fechar os olhos seja lançado novamente para esse sonho. É o tipo de sorte que costumo ter...

Abro a janela e fico a ver a chuva a cair... Indiscriminadamente, cai sobre tudo o que vejo. Sem haver distinções. As gotas caem sobre o telhado, sobre a roupa da vizinha, sobre o chão imóvel e até sobre mim. Para elas é igual... Irropem pelo silêncio nocturno e criam uma opera caótica, ao som de cada gota a cair...

Faço um cigarro enquanto a chuva continua a cair... Penso que não deve haver mais ninguèm a assistir a este espectàculo, sinto-me honrado por ser o unico a ver todas estas gotas, que atravessaram a atmosfera, para virem cair aqui... Ao pé de mim.
Gostava tanto de ser uma destas gotas... De cair de uma nuvem, sem reservas. De ver o planeta lá de cima. De fazer um trajecto simples, para depois deixar de ser uma gota e passar a ser apenas a àgua que a chuva trouxe.

Ergo o meu copo e faço um brinde... À àgua que lava as ruas e que por elas escorre, atè desaparecer pelo chão adentro. Às gotas, que depois de uma viagem memoràvel, acabam na sarjeta. Sem o devido reconhecimento.

Sou atingido por uma gota na cara e penso que no fundo, todos somos como estas gotas...

Ainda bem que estas gotas nao sonham!