domingo, dezembro 10, 2006

Portas

Depois de tanto tempo, volto a olha para aquela porta com receio...

Já me esqueci do que guardei lá, mas recordo o quanto me custou fechar aquela porta e o quanto me custou não voltar a abri-la. Mas desta vez, sinto que estou preparado para a enchente de corpos e de histórias que estão do lado de lá...

"- Tu és uma Confusão e eu sou um Desastre, mas juntos... "

Recordo-me do momento em que proferi estas palavras, recordo-me do tom de voz com que o disse, recordo-me até do movimento que fiz... Recordo também de ter sentido aquela lâmina fria a entrar-me pela carne...

Estico o braço, abro a porta com firmeza, como se tu estivesses lá dentro á minha espera. Assim que os meus olhos se habituam a escuridão vejo aquilo que são vestigios teus, pedaços de mim e de ti. Sento-me á frente de onde tu estarias, se estivesses aqui comigo... Fico aqui até perder a noção das horas, dos dias, do tempo... Nada mais me importa! Quero provar que consigo... Que consigo permanecer aqui o tempo que quiser sem ter medo de sair, sem ter medo de voltar a abrir esta porta.

Saio.
Tenho de sair.
Pego no casaco e saio, quase a correr, pois é essa a vontade que sinto cá dentro. Começo a correr sem saber para onde vou, sem saber porquê. São as ruas que me indicam o caminho...

Vejo-te!
Cá fora e não onde esperava encontrar-te...

Lembro-me do que importa, eu ainda estou aqui!! E não tenho medo...